Fale francês em Paris, pelo menos um pouco
- Carolina Sant'Anna

- 12 de nov. de 2018
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de fev. de 2023
Se aventurar em um país estrangeiro hoje em dia é uma tarefa fácil, graças a inúmeros aplicativos com mapas, guias, dicas, tradutores, “conjugadores” de verbos... mas em 2008, meros dez anos atrás, não havia tanta tecnologia assim (por incrível que pareça) e se você não saía de casa sabendo o mínimo sobre o lugar que iria visitar, corria alguns riscos.

Desde pequena sempre fiz meu dever de casa direitinho antes de uma viagem: pesquiso os meios de transporte disponíveis no aeroporto, como ir de lá até o hotel/apartamento, como pedir orientações básicas na rua caso me perca, quanto cada coisa vai custar, além de fazer toda a programação diária da viagem pensando também nisso tudo (custos, transportes, deslocamentos em geral). Daí que a gente começou a trabalhar com isso né, mas essa é outra história. A que eu vou contar agora é sobre uma vez que o dever de casa não foi feito corretamente (perdoem minha eu adolescente, e as pessoas que tentaram me ajudar e não tinham ideia do que estavam fazendo – ou as que estavam só sendo “malvadas”, elas não deviam estar num bom dia)!
Era dezembro de 2008, inverno em Paris, e essa informação é necessária para mostrar que estava frio, pra caramba, principalmente se você acabou de sair de um voo vindo do Rio e não quis se dar ao trabalho de botar uma roupa mais quente no aeroporto.
Eu já tinha ido a Paris no ano anterior, mas não conhecia muito bem essa parte da cidade que iríamos nos hospedar dessa vez, então foi necessário fazer uma pesquisa bem detalhada para descobrir como chegar no hotel. Feito isso, tudo foi anotado para não arriscar esquecer algum detalhe e parar do outro lado da cidade. Porém, mesmo com todo o passo a passo anotado, resolvemos pedir informação no meio do caminho. Foi aí que as coisas fugiram do controle. . .

mapa do metrô e trem de Paris
Ir de trem/metrô do aeroporto ao seu hotel ou apartamento em Paris não é algo complicado, porque o sistema de transporte deles é muito bem integrado, várias partes da cidade têm conexão fácil e há muitas estações espalhadas, fazendo com que praticamente qualquer ponto seja próximo de um metrô. Mas o que estragou nosso planejamento nessa viagem foi ter descido uma estação antes da certa. Nossa, mas uma estação faz tanta diferença assim? Fez, nesse caso, porque nós não conhecíamos a região e pedimos informação da maneira errada!
Por que da maneira errada? Bom, é culturalmente sabido que franceses têm uma certa birra com o inglês, por vários anos de história conturbada e etc, eles não são muito simpáticos quando são abordados nessa língua (não quero falar mal de um povo ou generalizar dizendo que eles não são legais em momento algum – apesar de algumas pessoas dizerem isso, nunca tive problema com franceses e gosto muito deles). O erro foi esse, achar que o inglês leva qualquer um a qualquer lugar. Isso é o que todo mundo diz, pelo menos, mas não é totalmente válido.
Descemos então na tal estação errada, uma antes da que deveríamos ter descido. Na própria estação, perguntei ao funcionário do metrô qual o caminho deveríamos fazer a pé para o endereço do hotel, mas sem um mapa na mão, só na base dos gestos e “sobe aqui, vira pra esquerda, dali sobe a 3ª à direita, depois 2ª à direita de novo...” Tentamos seguir esse percurso indicado, arrastando mala (e minha mãe usava uma bota alta de bico fino – falaremos um dia sobre vestuário para o dia de viagem!), subindo ladeiras. Não encontramos.
Paramos em uma farmácia para pedir informações de novo, e mais uma vez, falei em inglês com o funcionário. Dessa vez não fui recebida com tanta simpatia ao “hello”, mas me apontaram uma possível rota. Continuamos arrastando mala, subindo ladeiras, e não encontramos. O tempo foi passando...
Nessa volta, tinha algo que parecia ser um hospital ou corpo de bombeiros, com um caminhão alto parado na porta e dois homens sentados conversando. A primeira coisa que passa na cabeça quando se vê bombeiros, quando se está perdido em algum lugar, provavelmente é “eles sabem o caminho de tudo, precisam conhecer bem o bairro para atender aos chamados, com certeza vão saber me informar”. Novamente, o “hello” foi ouvido com uma cara de poucos amigos e o resto da pergunta então, é provável que não tenham computado, mas eles balbuciaram alguma coisa incompreensível e apontaram numa direção, sem muito esforço. Seguimos.
Agora aqui vai uma dica super importante para todos que se perderem durante uma viagem: depois de rodarmos por QUATRO horas, sem esperanças de encontrar nosso hotel, cansadas de um voo noturno e com muito frio e braços doloridos de arrastar malas, paramos em um hotel qualquer e contamos tudo que passamos. A recepcionista foi de uma simpatia inigualável, pegou um mapinha, circulou onde estávamos, circulou nosso hotel, traçou uma rota e disse que nesse tempo inteiro, as pessoas que nos deram informações nos fizeram andar em círculos! Ela falou que provavelmente não tiveram muita paciência para nos atender direito porque chegamos falando inglês. Se tivéssemos arriscado um pouco de francês, pelo menos para iniciar a conversa, talvez teriam nos ajudado com boa vontade. Mas caso isso acontecesse de novo, a melhor solução é parar em algum hotel e perguntar ao recepcionista, que eles geralmente atendem com atenção e cuidado.
Finalmente conseguimos chegar ao hotel, mas com a péssima impressão de que ele era longe de tudo! Durante todo esse percurso de 4h para achar o dito cujo, fiquei com muita raiva da nossa agente de viagens e já tinha todo um texto de reclamação pensado para falar com ela. Era um absurdo uma profissional fazer isso com clientes, escolher um hotel tão mal localizado, numa região de péssimo acesso... Mas foi só sair para um passeio (depois de um bom banho e roupas mais adequadas para o clima) que percebemos o quão bom era o hotel, pertíssimo de uma das principais atrações e, pasmem, a 400m da estação de metrô (aquela que não descemos inicialmente)!
Que conclusões quero passar com esse texto:
1. Aprenda um pouco do básico da língua local do lugar que você vai visitar, mesmo que seja russo ou grego (sim, depois disso fomos à Grécia e eu aprendi algumas poucas frases em grego só para não passar por nada parecido de novo). O inglês pode te levar a muitos lugares, mas o que abre as portas é um cumprimento simpático na língua do interlocutor;
2. Caso esteja perdido, pare no hotel mais próximo e explique com calma a situação. Na maioria das vezes, as pessoas que trabalham lá são treinadas para atender com simpatia, além de falarem mais de uma língua.
3. Confie no seu agente de viagens. Saiba que aquela pessoa conhece o lugar, ou pelo menos estudou muito ele, antes de te sugerir qualquer coisa! E se não tiver segurança de ir a um lugar desconhecido porque tem medo de se perder ou ter dificuldades, tenha um planejamento de todo o percurso antes de ir.
Quer ter uma viagem sem perrengues? A gente tem aqui uma vídeo-aula com frases que podem te ajudar a se virar em alguns países! E se quiser ter um roteiro personalizado, com todo um passo a passo de como se locomover no lugar que vai visitar, além de uma programação diária e todos os custos calculados, fale com a gente aqui!






Comentários